Plenitude do poder pastoral?


Lobo em pele de ovelha

                                                            *Por Ronaldo Jesus
Alguns procuraram reforçar esta asserção principalmente com aquelas palavras de Cristo a Pedro (Mateus 16.19): eu te darei as chaves do reino dos céus. Tudo que ligares sobre a terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares sobre a terra será desligado nos céus. Com essas palavras, como parece, Cristo prometeu, a Pedro tal plenitude de poder, que ele, sem qualquer exceção, pode tudo na terra.
Deste modo; que o Pastor não tem a plenitude do poder é algo que se demonstra claramente pelo que o apostolo diz (2 Cor 13.10), falando por si e por todos os prelados da Igreja: “Eis por que vos escrevo de longe, para que, estando presente, não tenha que usar de rigor, segundo a autoridade que o Senhor me deu para edificação, não para destruição”. Por estas palavras dá-se a entender que o poder apostólico foi instituído por Cristo principalmente para a utilidade dos súditos.
De fato, confiando suas ovelhas a Pedro, Cristo não quis em primeiro lugar providenciar pela honra, o proveito, a tranqüilidade ou a utilidade de Pedro, mas quis providenciar principalmente pela utilidade das ovelhas. Por isso não disse a Pedro: “Domine minhas ovelhas”, nem disse: “Faz de minhas ovelhas o que te aprouver, que venha a redundar em teu proveito e honra”, mas disse: “Apascenta minhas ovelhas”, como se dissesse: “Faz o que vem em favor da utilidade e da necessidade delas, e sabe que não foste colocado à frente delas para teu proveito, mas para proveito delas”.
Por isso, falando sobre João 10,1: “Quem não entra pela porta” etc., diz Santo Agostinho em uma homilia na qual as citações não são do mesmo, mas o texto parece do século XII: “Quem não entra pela porta, mas sobe “por outra parte”, isto é; quem não entra pelo chamado do povo, pela eleição dos irmãos, pela provisão de Cristo, mas por prêmio ou pela força dos parentes ou do poder, este não é pastor, mas ladrão e salteador. Demonstra-se, pois que alguém é pastor, somente se guardar as ovelhas, protegendo, defendendo e vigiando, se não procurar os ganhos terrenos, mas os celestes, se não defender seus interesses, mas os dos outros, de tal modo que não deseje o episcopado pela ambição do dinheiro, mas para aumentar a fé do povo, a fim de que com os fieis e para eles receba a retribuição eterna; não para ser senhor, mas pai; não para castigar e perseguir, mas para nutrir; não convém a um homem de Deus como tenho conhecimento odiar a alguém, mas amar a todos, incentivar os bons, corrigir os maus, os pastores não foram constituídos para dominar sobre a Igreja, mas serem modelos de todos e para, com seu exemplo, edificarem a todos e não perderem a ninguém.
Portanto, os pastores serão réus de tantos homicídios quantos forem os que perderem por seu exemplo ou não guardarem com sua vigilância. Cristo constituiu-os guardadores de almas, não cultivadores de campos. Todos os que, abandonando a doutrina de Cristo, dos apóstolos e dos que almejam a excelência do cristianismo e que por alguma razão vivem ou ensinam diferente, não são pastores, mas pseudopastores, pois não seguem nem os exemplos nem a doutrina de Cristo. 
*Ronaldo Jesus é bacharel em Teologia (FAESP), Especialização em Hebraico Bíblico (FATISP), Certificado em Aramaico Bíblico (USP), cursando Filosofia (UNIFAI), profº do Núcleo de Teologia da FAESP e profº de Escola Bíblica Dominical na Assembléia de Deus

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